domingo, 1 de setembro de 2013

A semente do basquete itabaianense

Em Janeiro de 1975, após a conclusão dos estudos no 3º Ano do ginásio, o aluno Romilto Mendonça do Colégio Estadual Murilo Braga foi aprovado no primeiro vestibular do curso de educação física da Universidade Federal de Sergipe. Em 1976, foi contratado para dar aulas de educação física no CEMB e em pouco tempo selecionou cerca de vinte alunos, entre eles eu, para formar uma equipe de treinamento de basquete com o objetivo de participar dos jogos estudantis de Sergipe, em Aracaju. Eu fazia parte da categoria A e era reserva, obviamente porque não estava entre os melhores, apesar de ser assíduo aos treinamentos e tinha o objetivo de um dia ser titular da equipe, o que aconteceu em 1978, mas aí será outra história, vamos aos fatos desta:

Após alguns meses de treinamento, o Professor Romilto marcou um jogo amistoso contra a equipe do Colégio de Aplicação da UFS, a melhor de Sergipe e uma das melhores do Nordeste na época. A equipe era treinada por Márlio Chagas, Professor de basquete do curso de educação física. Naquele tempo, o Murilo Braga possuía duas quadras, a primeira era de cimento liso e não tinha tabelas de basquete, lá se praticava o futsal e o voleibol; e na segunda quadra, onde foi construído o Ginásio de Esportes José Milton Machado, o Miltão, de cimento mais áspero, onde era praticado o handebol e o basquete. O jogo foi realizado a noite e a quadra ficou totalmente lotada, principalmente com os alunos do CEMB que estudavam naquele horário, como era de costume com o futebol de salão e o handebol, as duas modalidades de maior prestígio no colégio naquele tempo.

Era o nosso primeiro jogo contra uma equipe de Aracaju e nela tinha os dois melhores jogadores de basquete do Estado, Jorge e Damião, o último é o atual presidente da Federação Sergipana de Basquetebol. Eu era reserva e só entrei no jogo no 2º tempo, quando já estávamos perdendo por mais de 50 pontos a zero. No final do jogo, um colega sofreu uma falta no ato do arremesso e teve o direito de cobrar dois lances livres, errou o primeiro e converteu o segundo, para a nossa alegria e comemoração. Ao final do jogo perdemos pelo placar de 89 a 1.

No outro dia, como era de se esperar, os comentários no colégio foram sobre a nossa derrota e aconteceu uma tremenda gozação pelo episodio. Até o Jornal Cebolão do Grêmio Estudantil do CEMB, editado por Luciano Correia e Blanar, tirou onda do fato, colocando na primeira página uma charge da tabela de basquete com a cesta menor do que a bola e ironizando, no bom sentido, o porquê da nossa equipe ter feito apenas um ponto no jogo.

Em 1980, ingressei no curso de educação física da UFS e 2 anos depois ao fazer a disciplina basquete com o Professor Márlio Chagas fiz o comentário sobre o jogo amistoso realizado em Itabaiana e o placar no qual o Murilo Braga tinha feito um ponto de lance livre, e aí veio a minha surpresa do porque tínhamos conseguido fazer aquele pontinho. Ele comentou que tinha feito um pedido de tempo e determinou a um dos seus jogadores para fazer a falta durante o arremesso e nossa equipe cobrasse os dois lances livres e eles pudessem treinar a jogada de contra ataque, por isto o CEMB teria feito aquele ponto.

Foi graças à semente lançada pelo Professor Romilton em 1976, com a equipe que encestou um ponto no primeiro jogo, que fez o basquete do Murilo Braga e de Itabaiana surgir e crescer no cenário sergipano, tornando-o como uma das grandes forças do esporte de todos os tempos.

Professor José Costa

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